Do conhecimento à ação: neuroplasticidade, aprendizado e saúde cerebral

Resumo

O cenário atual caracteriza-se pelo excesso de estímulos digitais, como celulares e redes sociais, que comprometem a atenção e o foco, elementos essenciais para a aprendizagem. A atenção focada permite que o cérebro processe informações de forma mais eficiente, favorecendo a aquisição e a consolidação do conhecimento, enquanto o aprendizado e a execução de tarefas promovem alterações sinápticas e neuroplasticidade, possibilitando ao sistema nervoso desenvolver novos repertórios comportamentais e adaptativos. A consolidação da memória de curto para longo prazo ocorre por meio do fortalecimento de conexões sinápticas, processo denominado potenciação de longo prazo (LTP), no qual a conexão existente entre duas células cerebrais é fortalecida, facilitando a estimulação mútua entre os neurônios quando um é ativado. Esse processo envolve mecanismos como entrada de cálcio nos neurônios, ativação de proteínas, cascatas de sinalização intracelular, modulação de canais iônicos, ativação gênica e síntese proteica, que sustentam a plasticidade neural e reforçam os circuitos envolvidos na aprendizagem. A LTP é um dos principais mecanismos responsáveis pelo armazenamento de memórias de longo prazo e pela aquisição de novas informações e habilidades, e em contextos de neurodegeneração a estimulação cognitiva contínua contribui para a preservação das redes neurais, retardando o declínio funcional e promovendo resiliência sináptica. Assim, o investimento em estratégias de aprendizado ativo e no manejo da atenção focada diante dos estímulos digitais configura-se como medida essencial não apenas para o desempenho acadêmico, mas também para a manutenção da saúde cerebral ao longo da vida.