Anomalias dentárias em pacientes pediátricos com leucemia: uma revisão de escopo

Resumo

Na infância, a leucemia é a malignidade hematológica mais comum, especialmente na forma aguda, responsável por grande parte dos casos oncológicos pediátricos. Entre as complicações associadas à doença e ao tratamento, destacam-se as alterações dentárias, uma vez que muitos dentes permanentes ainda estão em formação e se tornam suscetíveis a danos que comprometem não apenas a estética e a função mastigatória, mas também aspectos nutricionais, psicológicos e sociais, repercutindo na qualidade de vida das crianças. Este estudo teve como objetivo sintetizar as evidências disponíveis sobre anomalias da dentição em pacientes pediátricos com diagnóstico de leucemia, seguindo o protocolo Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analysis, com extensão para revisões de escopo, assegurando transparência e rigor metodológico. A revisão foi registrada no Open Science Framework (DOI10.17605/OSF.IO/XKP6U), e dois revisores independentes realizaram buscas abrangentes em bases como PubMed, Embase, LILACS, Scopus e Google Scholar, incluindo literatura cinzenta, em março de 2024. Dos 409 artigos inicialmente identificados, 12 preencheram os critérios de elegibilidade, revelando que a leucemia e seus tratamentos podem provocar alterações dentárias como hipoplasia de esmalte, microdontia, agenesia, distúrbios de erupção e alterações radiculares. Embora não existam estudos que avaliem isoladamente os efeitos da doença sem a influência de quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea, sabe-se que os impactos estão relacionados à idade de exposição e ao estágio de desenvolvimento dentário. Como essas alterações surgem de forma tardia, diferentemente das lesões de mucosa oral, o acompanhamento odontológico contínuo é essencial para possibilitar diagnóstico precoce, adoção de estratégias terapêuticas individualizadas e medidas preventivas que minimizem danos, preservando a saúde bucal e contribuindo para melhor qualidade de vida dos pacientes pediátricos.